domingo, 22 de junho de 2008

Patinho feio

Estava na casa de minha sogra, tinha comigo fotos de escola, aquelas que tiramos com a turma, minha mãe tinha mandado todas as minhas fotos prá mim (não entendo isso, eu nunca me desfazeria das fotos de infância das minhas filhas), enfim, brinquei com minha sogra: Tente adivinhar quem sou eu na foto. E ela, sem pestanejar apontou: Essa aqui, a mais bonita.
Fiquei uns minutos analisando aquela foto e não pude discordar, eu era a menina mais bonita da turma da segunda séria do colégio Dínamis de botafogo em 1986.
O que me deixou chocada! Voltei alguns anos e pude me lembrar nitidamente do lixo que eu me sentia, nunca consegui me achar bonita, pior, eu me achava horrorosa, chata, burra,sem qualquer tipo de atrativo para qualquer pessoa. Anos de terapia não conseguiram me resolver e numa conversa boba com minha sogra eu pude perceber o que me deixava tão mal: ninguém nunca tinha me falado. Não só não me falaram o quanto eu era bonita como também sempre me fizeram acreditar que nada do que eu fizesse seria bom o suficiente. Você mexeu no cabelo. Essa foia resposta da minha mãe quando eu perguntei como tinha me saído na minha primeira apresentação de balé aos 5 anos. Luisa, você me lembra a porquinha gorda e rosa do comercial das casas da banha. Esse é seu desenho, mas esse nariz está horrível, deixe eu consertar. Luisa você é muito baixa para jogar vôlei. Luisa você é muito grande para fazer ginástica olímpica. Você está gorda. Você está muito magra. Muito musculosa.
E assim eu cresci, acreditando realmente que eu era pior que qualquer coisa.
Essa total falta de auto estima foi o que me acompanhou a vida e me fez quase acabar com ela antes dos 20 anos.
Eu cresci, fiz duas faculdades federais (USP e UFF) não terminei nenhum dos cursos que agradariam minha mãe. Passei num concurso pro banco do brasil, mas com uma nota menor que a dela (isso foi bem frisado), me demiti, abri uma loja que vai muito bem, obrigada. Larguei a loja e me dedico hoje ao que gosto, abri um centro multi cultural. Tenho duas filhas lindas e maravilhosas de quem tenho imenso orgulho e elas sabem.
Tive que esperar 30 anos prá descobrir sozinha o que todo mundo já sabia: eu sou bem bonita, inteligente, ousada, divertida, carinhosa e outras mil qualidades que não caberiam aqui.
Cara, porque ninguém me falou! A doença não era minha. Era dela.


Maria dançou quadrilha ontem na escola e eu não tive como não ficar toda boba. Em dado momento da coreografia eles dançam um forrozinho de parzinho e tudo e não é que Maria e Bê (seu par) dançaram mesmo. Com direito a rodopios e passinhos de dança de salão. Foi muito fofo, eles foram para o meio da roda e começaram a dançar, ficou todo mundo passado. Filmei tudo, agarrei a minha loura, disse o quanto é linda, fofa, ousada e maravilhosa e voltamos todos felizes prá casa com sensação de missão cumprida.

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