
Ela passou lá no espaço ontem, estava visivelmente abalada, eu já tinha conversado com um advogado e ,ao menos, tranquilizei-a com o fato de que a garota não conseguiria nada, sentamos para tomar um café e eu falei sobre os limites que os filhos têm que ter. Fácil onde eu estava, minha filha mais velha tem 6, ainda não chegou a total rebeldia. Ela pediu para eu passar na casa dela para ver se a garota iria pelo menos ao curso e, chegando lá, assisti a um show de horrores.
As duas gritavam e se agrediam a garota gritava que odiava a mãe e jogou tudo o que tinha no quarto no chão. Fiquei estática assistindo aquilo, uma sensação de "já vi isto antes", não só vira como vivera: aquela garota era eu na minha adolescência, a mesma raiva, o mesmo medo, a mesma vontade de ir embora para qualquer lugar, o mesmo pedido de socorro.
Pedi 5 minutos com ela e fiquei ali, contando para ela o que aconteceu comigo, como eu perdi oportunidades, como eu me meti em roubadas e como eu tive sorte em estar viva, não sei se ela ouviu qualquer coisa, mas desfez as malas.
Conversei com a mãe dela já longe dali e contei como as coisas tinham acontecido comigo e como tinham se resolvido. Contei como eu cresci quando parei de terceirizar meus problemas, assumi minha parcela de culpa e resolvi o que era para eu resolver. Contei como eu me dou bem com minha mãe hoje (a mesma de quem eu tinha um ódio mortal aos 14), mesmo sem ela ter mudado uma vírgula: EU me mudei!
Fui buscar as meninas no colégio, saímos todas para tomar um sorvete e demos boas risadas com as histórias de Maria, deixei-as na casa da avó mas não voltei para o trabalho antes de terminar o dever de casa com Maria, quando chegamos em casa deixei falarem sobre seu dia, escovei o dente de todo mundo ajudei a trocarem de roupa e pus cada uma na cama com um beijo.
Me senti feliz pelas minhas filhas, por poder falar para elas que as amo e sinto orgulho delas serem exatamente o que são. Não quero cometer os mesmos erros das últimas quatro gerações e sei que estou cometendo os meus, mas me esforço para que elas aos 14 possam não necessariamente gostar de mim, mas que possam gostar de si mesmas.
Um comentário:
Bom ver que os ventos tempestuosos de outrora tornaram-se hoje agradáveis brisas...
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