segunda-feira, 21 de julho de 2008

A pentelha

Giovana* é uma pentelha! Sim, das piores. Sim, estou falando de uma criança. Uma criança de 4 anos que quase acabou com minha semana.
Essa criança veio até mim para que eu ficasse com ela durante uma semana das férias, sim, eu estava sendo paga para isso.
Eu a vi chegando, parecia uma criança normal, gordinha, com uma boquinha pequena e só estranhei o vestidinho de paetês para brincar com tintas, pincéis, argila, etc. Até aí tudo bem, azar dela que vai estragar o vestido. Chamei-a para sentar comigo, que já estava no chão, esparramada, pintando uns bichinhos que tinha feito. A avó, que a trouxera, já tinha ido embora sem dizer adeus.
Ficamos pintando por menos de 5 minutos quando começou: Que chato! Quero ir embora!
Passei para outra atividade: Que chato! Quero ir embora!
E assim foi até a décima atividade em menos de uma hora. Decidi parar para fazer um lanche.
A pentelha comeu 3 pães, 2 fatias de bolo, 1 copo de suco, pediu um polenguinho, dei. Ela enfiou inteiro na boca, fez aquela papa e cuspiu tudo no chão, virou a cara, falou para eu limpar, voltou para sala e continuou reclamando.
Tudo que eu começava a garota reclamava, não fazia nada e arranjava outro brinquedo. FODA!
Acabou o dia, a avó chegou, eu estava com o sorriso mais amarelo do mundo, a garota catou um saco com 50 bolas e queria levar para casa. Tive que intervir porque a pamonha da avó não se manifestou e a pentelha ia levar TODAS as minhas bolas.
Pensei que a culpa talvez fosse minha, cedi, dei muita opção, a garota ficou deslumbrada. No dia seguinte faria diferente.
Fiz. Tirei tudo que eu não iria usar e comecei e terminei cada atividade que tinha me proposto, na hora do lanche servi um prato feito com 1 sanduíche e 1 fatia de bolo, ficou satisfeita e melhorou um pouco o comportamento: Estou no caminho certo.
Durou pouco, a garota voltou pior e eu já não sabia o que fazer. Me sentia com 5 anos querendo fazer birra com ela também e sacaneá-la, mas a minha racionalidade de adulto não permitiu (infelizmente), e eu continuei tratando-a muito bem. Mas criança sente falsidade, e eu estava sendo falsa.
Último dia. Resolvi levá-las a um passeio, fomos ao horto. Bichinhos, parquinho........Quero ir embora!!!!! Não pensei duas vezes, liguei prá vó e falei que estava devolvendo. "É Giovana as vezes tem dessas coisas" Por isso mesmo devolvi e deixei claro que estava aliviada.
Continuo não gostando da garota que é uma chata. Mas ,no fim, fiquei com pena dela.
Não é uma criança bagunceira, é uma criança mal educada, mal criada, sem limites e, de repente, sem nenhuma atenção. Vê-la ao lado de Maria, tão animada, bonita, feliz, me partiu o coração.
Essa criança nunca aprendeu o que é não, nunca soube o que é o outro, nunca teve que pedir desculpas e se não começar agora, nunca vai aprender.
Teremos mais um adulto imbecil, preocupado com o próprio umbigo, sem saber respeitar uma fila ou sem se preocupar se o seu carrinho está fechando todo o corredor do mercado. Um adulto mal resolvido com perdas e frustrações que, provavelmente criará outra criança pentelha que será mais um adulto sem educação. E assim caminha a humanidade, nesse ciclo vicioso de neuroses onde mães sentem culpa por se separar e viver a própria vida e não a sentem por tornar o mundo um pouco pior com um imbecil a mais.
*Mudei o nome da pentelha para não comprometer.

2 comentários:

. fina flor . disse...

pois é, de repente a mãe da Giovana* a teve somente para segurar o pai da Giovana ou porque gostava de rosa, rrsrsrs*

beijos, querida

MM.

ps: você é hilária, adooooro

Cin disse...

Aff acho q vc teve até mta paciência, mas o lado bom de tudo isso é q ao ver ela e a Maria juntas e tão diferentes, vc deve ter sentido o qto vem fazendo a coisa certa na educação de suas filhas. :)
Parabéns por isso.
Bjinhos!